sábado, 30 de abril de 2011

Um pregador com cabelo desalinhado, vindo do interior, acenando com a Bíblia interrompe um julgamento de homicídio!


Cidade de Nova Iorque:
"Vossa Excelência, Vossa Excelência respeite-me como pastor e permita-me uma audiência."

Meu amigo da direita fazia comentários constantes do que acontecia. Um grupo grande se dirigiu para a frente, e fui informado que eram os advogados escolhidos pelo Estado.
“vinte e sete”, continuava meu companheiro. “fornecidos pelo Estado. Ninguém mais queria defender essa ralé, além disso não têm dinheiro. Filhos de espanhóis, sabe?"
Eu não sabia, mas não fiz nenhum comentário.
“Eles tiveram que pleitear inocência. É lei estadual para homicídios de primeiro grau. Deveriam pegar a cadeira elétrica, todos.”
Depois entraram os meninos.

Não sei o que eu esperava. Homens, talvez. Afinal era um julgamento por homicídio e, na realidade, eu não conseguia imaginar que crianças pudessem cometer homicídio.

Mas eram crianças! Sete crianças meio corcundas, magricelas e apavoradas, sendo julgadas por um crime hediondo. Estavam algemadas, cada um a um guarda, e aos meus olhos parecia que esses policias eram extraordinariamente robustos, como se escolhidos de propósito, pelo contraste que apresentavam

Os sete rapazes foram conduzidos para o lado esquerdo da sala, e, depois que se assentaram, as algemas foram tiradas.
   - Isso mesmo. É assim que devem ser tratados, continuava meu companheiro. Todo cuidado é pouco com gente desse tipo. Deus! Como odeio esses rapazes!
   - Parece que Deus é o único que não os odeia, disse eu.
   - O qu...?
Alguém estava martelando a mesa, exigindo ordem, enquanto entrava o juíz, a passos rápidos, e todos se levantaram.

Assisti a tudo em silêncio, mas o meu companheiro continuava com os seus comentários. Ele se expressava tão enfaticamente que várias vezes algumas pessoas olhavam para trás.

Uma menina era uma das testemunhas.
   - É a “gata” da quadrilha, fui informado pelo meu vizinho. Gata é uma prostituta adolescente.
Mostraram uma faca à menina, perguntando se ela a reconhecia. Confessou que era a faca da qual limpara o sangue na noite do crime. Levou a manhã toda para conseguir essa simples afirmação.
E de repente estava tudo terminado. Esse final abrupto pegou-me de surpresa – o que talvez explique em parte o que aconteceu a seguir. Não tive tempo de pensar no que ia fazer.

Vi o juiz Davidson levantar-se e dizer que sessão estava suspensa. Na minha mente via-o passar por aquela porta e desaparecer para sempre. Pareceu-me que, se eu não falasse com ele naquele momento, nunca mais teria outra oportunidade.
   - Vou falar com ele, disse baixinho a Miles.
   - Você esta ficando louco!
   - Se eu não for...
O juiz estava juntando suas coisas, preparando-se para sair da sala. Com uma rápida oração peguei a Bíblia na mão direita, esperando que ela me identificasse como pastor, empurrei Miles para o lado, e corri para a frente da sala!
   - Vossa Excelência! Gritei.
O juiz virou-se depressa, irritado e indignado com o rompimento do protocolo da corte.
   - Vossa Excelência respeite-me como pastor e permita-me uma audiência.
A essa altura os guardas me alcançaram. Talvez por ter sido ameaçada a vida do juiz, foram tão rudes e severos comigo. Dois deles me pegaram, um de cada lado, e quase me carregaram para a saída, enquanto houve uma correria geral entre os representantes da imprensa, e os fotógrafos se empurravam para conseguir fotos.

Saindo da sala, os guardas me entregaram a outros dois que estavam no vestíbulo.
   - fechem as portas disse um oficial. Ninguém deve sair.
Depois voltando se para mim perguntou:
   - Muito bem, senhor. Onde está o revólver?
Assegurei-lhe de que não estava armado, mas fui revistado novamente.
   - Quem estava com você? Quem mais está aí?
   - Miles Hoover, presidente da nossa mocidade.
Trouxeram Miles. Ele estava branco e tremia, mas eu acho que de raiva e vergonha, não de medo.

Alguns fotógrafos conseguiram entrar na saleta, enquanto a polícia nos interrogava. Mostrei meus documentos à polícia, provando que eu era de fato um pastor ordenado. Discutiam entre si sobre que acusação fazer ao meu respeito, e o sargento resolveu saber qual era a vontade do juiz Davidson. Depois que ele saiu, os repórteres começaram a interrogar-nos: de onde éramos? Por que tínhamos feito isso? Fazíamos parte dos Dragões? Havíamos roubados esses documentos, ou eram forjados?

O sargento voltou dizendo que o juiz não quis fazer nenhuma acusação, e que me deixaria partir se prometesse nunca mais voltar.
   - Não se preocupem, disse Miles. Ele não voltará
Levaram-me bruscamente até o corredor. Ali, um semicírculo de fotógrafos estava à espera, com suas máquinas prontas. Um deles dirigiu-se a mim:
   - Ei, reverendo. Que livro é esse na sua mão?
   - Minha Bíblia.
   - Tem vergonha dela?
   - Claro que não.
   - Não? Então porque a esconde? Levante-a para que possamos vê-la.
Na minha ingenuidade, levantei-a, e ouviu-se o estalar dos flashes. Imediatamente compreendi o que estava fazendo, e como sairia a notícia nos jornais: Um pregador com cabelo desalinhado, vindo do interior, acenando com a Bíblia interrompe um julgamento de homicídio! (A Cuz e o Punhal / D. Wilkerson, pag. 24-27)

Por Labaredas:

Só podemos imaginar essas cenas em algum filme hollywoodiano ou em algum livro de aventura-ficção. Mas, essas aqui, são verdadeiras. Cenas preparadas por Deus para que o Pr. David Wilkerson pudesse ser recebido nos seios das maiores gangues de Nova Iorque, no fim dos anos 50 e início dos anos 60, e ganhar muitos de seus líderes para Jesus.

Somente um homem de Deus, guiado por Deus, ungido por Deus realizaria tal façanha. Quem poderia ter tal amor por aquelas almas? Quem teria tal amor que o movesse a viajar 560 Km, em um carro velho, com muito pouco dinheiro, deixando sua jovem esposa, seus dois filhinhos, uma igreja que ajudou a construir, onde ele era bastante feliz. Deixar tudo para trás e ir enfrentar a violenta metrópole munido apenas com sua Bíblia.

E mesmo, duvidando se recebera ordem divina para tal missão, de ter feito papel de bobo, ter trazido vergonha para sua igreja, cidade, e família, voltar para N. Iorque enfrentando a ameaça de ser preso e tentar de novo!

Foi o que esse jovem pastor de uma cidadezinha do interior conseguiu realizar, transformando líderes de gangues em pregadores da Bíblia. É claro que esses acontecimentos se tornariam em um dos livros mais lidos nos meios evangélicos do século passado. E deva ser também do presente século. Leia-o!


Um comentário:

"LABAREDAS DE FOGO" disse...

Na minha tenra infância meus ídolos eram alguns pastores. Admirava muitos. Pr. Bonfim e seu acordeom ainda estão vivos em minha memória. Também não esqueço o dia em que numa viajem que meu pai nos levou a uma cidadezinha do interior onde ele, o Pr. Bonfim iria inaugurar uma congregação, e para chegar ao lugarejo, à pé, pois tínhamos deixado nosso carro na igreja sede no pé de uma grande serra, tínhamos que atravessar uma precária ponte de finos troncos sobre um. pequeno rio mas, que com as fortes chuvas, se transformara numa forte correnteza capaz de arrastar qualquer um. Mas o meu herói não falhou, empunhando sua acordeom, liderou a marcha entoando o corinho: “com Cristo no barco tudo vai muito bem”. Eu fiquei maravilhado com sua coragem e como ela contagiou a todos.

Já na pré adolescência, na Metodista de Petrópolis, Pr. Delmício, se não me engano no nome, prendia-me ao banco durante todo o culto. Coisa muito difícil! Mas foi, na época, anos 60, o Pr. Jessé Teixeira de Carvalho que mais marcou a minha infância e pré adolescência, foi ouvindo um sermão seu que, aos 11 anos, tive uma enorme vontade de atender o seu apelo no final da pregação. Não o fiz por ter sido desencorajado por minha mãe, que assistia o culto ao lado da esposa do Pr. Jessé, e pensava que se tratava de mais uma das minhas terríveis travessuras.

Aos 55 anos, completados no último dia 27, não tenho muitas referências em nossos dias de jovens ou medianos pastores como verdadeiros homens de Deus. Se alguem me fizesse aquela pergunta imaginária que se faz às pessoas que tem seus ídolos: Quem você gostaria de ser? Eu não teria dúvida alguma: Pastor David Wilkerson!